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SE MÃE FOSSE VIVA ELA DIRIA: FALANDO MUITO

Viajando de táxi, o motorista que sabia que eu era escritor, ao me ouvir dizer: - Eu comecei tarde. Me diz: - Isso é poesia. E seguimos viagem, e fomos e voltamos. Com ele eu já estava habituado. Veio a adoecer e falecer. O que eu senti muito, de verdade. Pois a esposa dele, agora viúva dele, trabalha aqui em casa. E esta fala dele: - Isso é poesia. Me ficou na mente. Como se eu me dissesse quem dera todas as pessoas me dissessem: - Isso que você disse é poesia. Seria o suprassumo dos elogios. Como foi para mim o suprassumo dos elogios o meu psiquiatra me dizer: - Tem escrito muito? Estas coisas me soam muito de bom gosto porque vêm de pessoas que tratam comigo de assuntos meus. E demonstram, ao menos para mim, um interesse especial pela minha pessoa. E digo pessoa, porque minha mãe que foi quem me criou me disse sempre: - Você quer ser escritor, um escritor é uma pessoa como outra qualquer. Eu sorria. Claro, eu era um trabalhador, e não gostava do disco do John Lennon que se intitulav...

MAIS UMA VEZ, EU

 Certa vez, eu ia apressado a caminho do meu serviço. E ouvi uma voz quase atrás de mim dizer: - Ele é anti-social. Ocorre que eu não tinha visto as pessoas. Como eu tinha me voltado para ver de quem era a voz, eu disse: - Nada disso, é que eu estou atrasado. E a pessoa disse: - Não se preocupe, fizemos apenas uma brincadeira. Então segui. Eram a secretária de meu chefe e um outro funcionário. E já que era uma brincadeira, nem me restou preocupação com aquilo. Passado um tempo, lá estava eu, noutra oportunidade, conversando com a secretária, assunto alheio àquela brincadeira. E portanto estava tudo bem. Nem ao menos eu sei porque eu fui me lembrar disso. Aquilo de ser chamado de anti-social em sendo eu como sou, um conversador, me causou risos. E quanto a isso, tenho dito. É que iniciei estes escritos, com o firme propósito de falar de mim. Tomara que interessem os escritos a alguém. Claro, porque eu não escrevo só para mim ler. Procuro dar à linguagem corrente no mínimo um tratame...

TENTANDO O AUTORETRATO

 Vou tentar o meu autoretrato. Eu sou um escritor pobre. Que, na medida em que posso, remeto textos meus com que participo em Antologias e Coletâneas para as Academias de Letras de que faço parte. E isso me deixa feliz, porque ninguém escreve para si mesmo, só alguns. Mas a escrita em mim não tem uma função vital. Por isso pude ser um funcionário bancário e judiciário razoavelmente compentente. O que faz do meu nome até agora um nome limpo. E eis que agora, mesmo não sendo vital, tenho escrito e publicado bastante. Deus é grande. E digo sempre que Deus recompensa a quem tem fé. E me explico, fui batizado e crismado, e na minha vida segui sempre a Igreja Católica. E claro tenho alguns pecados. A começar do pecado original. Gosto sempre de rezar a missa pela televisão. Os padres estão sempre se dirigindo a nós os que rezam pela televisão. E por falar em televisão, aquela briga dos chamados intelectuais contra a televisão não me chega nem notícia aqui. Dela, da televisão, eu vejo o no...

DA OBEDIÊNCIA

 Estou aqui sozinho e me lembro. Me lembro de uma fala de uma psicologa do emprego que eu tive. Ela me disse: - Estou cansada dos seus sem quereres. A principio eu não entendi. Mas adianto eu estava insatisfeito ali. Mas cumpria minhas obrigações. E eu disse: - E o comportamento? Ela respondeu: - É obrigação. Eu não me deixei vencer. Ela completou: - Pode voltar para o seu serviço. Eu tinha ido pedir para voltar ao meu serviço de origem, para o qual eu tinha sido admitido no emprego. Dois dias depois ela me chamou: - Pode ir para o seu novo emprego. Dito assim mais parece que eu estava demitido. Mas, não. Ela mesma me disse: - O seu novo emprego é na seção tal desta mesma empresa. E eu fui. Trabalhei mais uns anos ali e me fui, eu pedi demissão, e aqui estou. Satisfeito comigo e com as coisas que faço. E realmente aqui eu estou em casa mesmo. E mesmo assim continuo obediente. Vim para cá com minha mãe e um irmão, que faleceram. E tenho tutora. Vergonha é roubar e não levar e eu não...

UMA ATIVIDADE

 Vou procurar tecer alguns comentários esperando que eles sejam pertinentes ao pouco que eu sei agora sobre a escrita. Claro, eu leio muito mas não consigo ler tudo o que se publica. O NOSSO tempo é de que há muitos escritores novos e todos têm muito bem formada a sua estrutura letrada. Mas o que eu tenho visto é que se firmou nas mentes do meu tempo aquela vontade de ficar bem na vida. E no final procurar ver quem está melhor de vida. Eu não sei muito do competir que já firmou seu espaço de nossa cultura. E melhor está o escritor quando mais lido. Eu não falo de ganhar dinheiro com as letras. Porque isso depende de com que intenção escreve o autor. Sempre houve aqueles que escrevem por dinheiro. Mas há muitos como eu que escrevem para passar o tempo, acreditem os que quiserem. Mas, claro, até eu gostaria de ser lido. Ainda sou daquele tempo em que se dizia de um autor muito lido, ser um autor muito amado, senão admirado. Tenho na leitura meus autores preferidos. E não sinto necess...

VERSANDO COMO QUEM ASSUNTA

Eu sofria, mas era de dúvida sobre mim. Não me entendia como escritor. Mas há mais de vinte anos eu escrevo e publico. Tenho inclusive alguns diplomas de prêmios literários. Não ando com eles em pasta alguma. Penduro-os nas minhas paredes e ficam sob o olhar de meu Narciso. Digo isto porque o que quero dizer é que não gosto de me badalar. Talvez eu leve prejuízo com isto. Mas o que fazer? Eu sou assim e me preocupo muito em não renunciar de meu temperamento. Tive meus amores e aos olhos da Igreja Católica eu sou um pecador. E o sou. Mas me penitencio toda vez que oro. Estive afastado do catolicismo mas me arrempendi e voltei a me converter e sou um católico hoje que sempre reza a missa pela TV. E quanto aos acidentes de percurso que sofri na construção de minha personalidade de escritor eu os sofri e ouvi do médico que eu sou um sobrevivente. Graças a Deus. 

ESCREVEMOS O QUE PRECISAMOS

 Certa vez, pessoas que me conheciam, sabendo que eu escrevia com facilidade, me recomendaram: "Escreva sua vida." Eu não disse nada a estas pessoas. Eu apenas pensei: "São pessoas que não sabem que certas escritas condenam ao fogo até as pessoas que  mais amamos." E encerrei o assunto. Agora, estava eu aqui pensando na vida e me lembrei deste pequeno episódio. Mas, escrever para mim, é não só um prazer, mas é um fazer a que me destinei desde que soube o que é o sonho de uma vida inteira. Muito mais importante para mim é o escrever do que segurar as rédeas da vida para que tudo dê certo. Por isso talvez já me considerem um louco. Mas o que fazer neste mundo contemporâneo onde os julgamentos acontecem sem tribunal. E é terrível que seja assim. Mas as pessoas que fazem as coisas sem ligar para as leis, bem ali à frente as leis as pegam. E ai delas. Eu por mim me cansei de ligar para as regras do jogo. Mas não tenho nada com o ilegal do agir de outrem. O digo porque eu...