UM POEMA RELATO
Há muito tempo eu não escrevo um poema. Então, lá vai:
"Um homem ou uma mulher
que pretenda escrever
se nutre de palavras. Lendo.
E depois, para não ter indigestão,
se exercita bastante, e claro,
também utiliza os seus
conhecimentos da vida.
O que ele sabe da vida,
pode ser pouca coisa.
Porque chega uma idade
ele já tem noção do
que é viver. E principalmente
se ele viveu em paz
com os seus semelhantes,
tanto melhor. Eu vivi
principalmente no mundo
do trabalho. E me pediram
uma vez escritos sobre este
mundo. Claro, me neguei
a fazê-lo. Haviam nele vidas
trabalhando e tendo em troca
sua subsistência, que deve ser
absolutamente respeitada. E
aqueles trabalhadores eram
geralmente pessoas honestas.
Se um outro desrespeitava as
regras de convivência, isso
era logo resolvido pela administração.
Eu nunca vi o desrespeito ser
acontecido onde eu passei.
Havia pessoas caladas,
havia pessoas sociais,
havia pessoas que nas festas
cantava. E enfim fundaram
um jornal para que todos
escrevessem, os que quisessem
Eu vinha do colégio onde
eu próprio fundei um
jornal mimeografado,
e não queria escrever mais.
Mas aqui estou hoje,
escrevendo. Me veio na alma
um irresistível apelo, cedi a ele.
Já fui elogiado por este
esforço, o de escrever.
E, confesso, escrever a gente
escreve para os outros,
e a gente se pergunta
depois que escreve:
- Será que gostaram?"
E assim é.
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