MERAMENTE ESCREVENDO
Quando eu pensei pela primeira vez em ser escritor, eu era menino. Estava no ginasial e no ginásio onde estudava havia um grêmio literário. Eu, um dia, me dirigi à sala onde funcionava o grêmio. Hoje eu não me lembro porque, mas haviam encerrado as atividades daquele grêmio. Foi a primeira grande frustração da minha vida. Daí em diante eu vivi e vivi sonhando em ser escritor. Todos diziam que eu escrevia bem. Mas eu não achava lugar onde publicar. Até que minha mãe resolveu se mudar de lá para a capital. Meu pai morrera. Eu nunca me senti seguro fora de casa. O porque disso eu não sei. Em Belo Horizonte, a capital mineira, eu continuei perseguindo o meu sonho de ser escritor. Até que fui premiado num concurso de ensaios. Escrevi um ensaio curto sobre obra do contista Murilo Rubião. E os organizadores do concurso me deram o prêmio. Senti orgulho deste feito meu.
E até hoje escrevo. Nos mudamos para o interior de novo. Antes eu já tinha morado em Curvelo (MG) e em Ribeirão Preto (SP). Aqui me declarei um homem do interior. E estando aqui eu perdi três irmãos. Quer dizer, duas irmãs mais novas que eu, e um irmão. Por último perdi minha mãe, de quem eu vi a agonia. Eu e a caçula vimos minha mãe morrer. Eu sofri bastante durante tudo isso. E estando aqui, me consolou uma doméstica que está comigo há anos:
- Seu guarda roupas, você não tem culpa. - disse-me esta doméstica. A quem eu acho que tem muita inteligência, só que tem pouco estudo. Admiro muito a capacidade dela no modo como ela compreende as coisas. E ela vê chegar os diplomas de minhas premiações últimas literárias. E brinca comigo:
-Migalha de pão ainda é pão.
Claro, explica ela:
- Migalha de pão, pequeno escritor.
E escrevo longe da censura. Que lá se vão anos que a censura caiu. Mas mesmo assim procuro não ferir a alma de ninguém. E que Deus me abençoe.
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