O HOMEM QUE PREVIU O TEMPO QUE FAZ
Quando Chico Buarque de Holanda cantou:
- Estava à toa na vida....
Eu pensei:
- Bom ficcionista.
Mas ouvindo hoje, e me vendo aqui curtindo minha aposentadoria, eu penso:
- Talvez a canção me servisse de consolo para o tempo de inatividade.
E vi o quanto eu fui pretencioso em chamá-lo de ficcionista, ou não. Depende do ponto de vista. Mas eu acho que fui. Pretendia eu seguir a carreira acadêmica, e segui os caminhos mais comuns dos trabalhadores. E fui um bom trabalhador. E não vou correndo à procura daquela canção, não. Vi por último o grande cantor popular na televisão. E eu aqui escrevendo, mas eu gosto. Já me chamaram de pequeno. Eu me lembro dos tempos bons em que os autores menores se diziam menores. Com conhecimento de causa. Mas isso não anula os esforços de nenhum escritor de hoje. Só que não dá prá ler tudo. E foi isso que eu quis dizer ao um homem jovem. Ele nem esperou eu acabar de falar:
- O senhor está enganado. O povo lê muito.
Não me defendi, desnecessário. A conversa assim se encaminharia para outra coisa e não um entendimento comum. Mas o diálogo serviu para mim ver o quanto eu me engano. Me engano e posso corrigir-me, eu não sou um profissional da área. Fiz carreira de escriturário. Com o sonho de ser escritor. Hoje sou um escritor amador. Satisfeitos comigo? É por que são meus fãs. Brincadeirinha. Não se apoquentem. Leiam livros, antologias e blogs. E tenho dito. A nossa república é democrática de direito.
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