ME CONFUNDINDO COM O QUE EU FAÇO

 Muitas vezes o escritor e o homem se confundem em mim no momento em que escrevo. Como agora. Estou aqui me lembrando que durante a vida eu tive seis ocupações. Nenhuma delas me realizou tanto como esta sétima, a de escritor. E o que eu digo sobre ela? Que não quero ser o número um. Ser apenas mais um escritor me faz inteiro. Nenhum compromisso, por enquanto, e espero que se tiver algum, seja de leve. Nenhum compromisso, dizia eu, com os leitores. Não que eu menospreze olhos perscrutadores. Claro, todo leitor pergunta a mim e a si mesmo.

E o que o leitor pergunta? Creio que aqui o leitor de hoje pergunta coisas diferentes das que eu pergunto. Não que eu seja um leitor melhor, ou mais experiente. Às vezes vem de lá um leitor com ideias novas, que não passaram pela minha mente. E às vezes eu possa ter deixado escapar alguma ideia literária nova. Oh, que surpreso fico eu também. Mas, não ideia nova naquele sentido tão caro à famosa hierarquia literária. Porque é claro, a arte literária tem também a sua hierarquia. A que vai se aprimorando, ao ponto de já terem criado a palavra panteão. Que eu não desprezo.

No panteão estão lá muitos autores que me ensinaram muitas coisas. E eu? Aqui estou. Pequeno, talvez um dos menores, como já vi dizer de si mesmo muito autor que amei. Falsa modéstia? Modéstia, de verdade? Nem mesmo eu sei explicar. O que sei de verdade é que esta ocupação me apraz muito mais do que as outras seis que tive. Mas em todas as minhas ocupações lá estava eu trabalhando com prazer. E isso o homem se confunde com o que faz.

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