UMA NOTA

 Saía eu da faculdade de filosofia, para a qual eu tinha sido aprovado. Em exames seletivos para o curso exatamente de Filosofia. Seguia de mãos dadas com a que era então minha namorada. Conversávamos amenamente sobre como valorizar um livro.

Entramos numa agência dos Correios, onde eu ia postar uma carta. Eu vi lá o escritor Murilo Rubião. Venci minha timidez habitual e me aproximei dele. Disse-lhe com discreção:

- Meu senhor escritor, ganhei um prêmio escrevendo sobre livro seu.

E ele não se escusou de me responder:

- Ora, escrevi muitos outros.

Agradeci pela resposta, postei a carta e puxei minha namorada pela mão. Contei a ela o ocorrido entre eu e o escritor. Ela me disse:

- Ora, para que você foi incomodá-lo?

- Você não entende. - Foi só prova de minha admiração por ele.

E continuamos nossa conversa sobre livros. Eu e ela.

Mas, vou lhes confidenciar uma coisa:

"Até hoje, quando um leitor me diz que leu coisa minha, eu digo:

- Tenho escrito mais." 

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