SE O APELO FOR FORTE
Em 1973, tive meu segundo emprego. Ao mesmo tempo em que trabalhava eu lia e escrevia no TRANSEUNTE, jornal que eu e colegas lançamos. Nisso eu lia muito e perseguia uma ideia: ser escritor. E nas minhas leituras colhi uma frase que muito me tocou. Qual era esta frase. Aquela escrita por alguém mais experiente:
"Se o apelo para escrever for forte teremos escritores."
Foi num período da minha vida em que eu lidava com doença. Que de toda forma me impedia de muitas coisas. Inclusive de trabalhar. Reagi e lá fui para o trabalho. Tive a sorte de ser mandado servir numa biblioteca. E eu entendia bastante de livros. Servi muito bem.
De maneira que ao sair da biblioteca, lá estava eu premiado pela minha literatura. No meu local de trabalho ganhei algum prestígio.
Enquanto isso, na cidade onde eu vivia, meus pares estavam em posições bem mais avançadas. Parei um pouco e me pus a pensar:
- Meu caro, que quer você com a Literatura?
Resposta:
- Por enquanto, não muita coisa.
Me despedi do emprego, e me dirigi para uma cidade do interior paulista. Estava eu vivendo um pequeno drama. Mas tudo se arranjou, graças a minha boa vontade com o fato de não escrever. E no fundo de minha alma eu era cutucado:
- Escreva.
Não era ninguém que me ordenava a escrita. E nem era nenhum fator externo a minha pessoa. Era sim aquele apelo forte que no fundo do meu coração queria ser escritor. E onde eu ia, inclusive quando mudava de cidade, levava meus livros comigo. Alguns me diziam:
- Acho que você não sabe escrever.
Mas eu ouvia com ouvido mouco. Falar todos falam, e eu aqui faço este pequeno relato por escrito. E hoje sou escritor.
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