NÃO VOU BRIGAR COM O AMIGO
Estávamos numa sala de aula, ouvindo o professor. Era a última aula daquela manhã. E portanto do dia. Depois de sair da sala de aulas, pegamos um ônibus ali no campus. E fomos, viajando e conversando pelo trajeto. Desembarcamos no centro da cidade e pegamos um táxi. Que nos deixou na casa dela. Eu tive ainda que pegar outro ônibus para chegar em casa.
Quando chego em casa, lá estava um amigo que minha mãe fez me esperar. Recebi-o e ele me perguntou antes de se ir:
- Por que você não escreve?
- Digamos, um livro?
- É - disse ele.
Eu não respondi. E ele se foi. Para ele as coisas eram simples daquela maneira. Quem dera fossem! E nem eu mesmo sabia explicar a ele porque não eram.
Quando o vi de novo, lá veio de novo:
- Ó, meu amigo, na escrita qualquer coisa é válida.
Eu respondi:
- Quem dera fossem!
E ele se mostrou foi curioso. Eu fiz ver a ele que não eram. E ele se assustou que eu temesse a concorrência. Perdi a paciência e disse:
- E do que é que vou viver?
- ...
Eu vi que tinha sido deseducado, e respondi:
- Eu trabalho.
- Não vejo empecilho. E você tem formação filosófica.
- Ora, veja, meu amigo, para mim um livro tem que agradar, principalmente.
- Pois, é. E, então, por que não escreve?
Eu olhei para ele. E não queria perder o amigo. Então, disse:
- Somos diferentes, nós dois.
- Em que?
- Na escrita.
- Como assim?
- Eu li o seu último livro. Realista demais. E aí está o meu motivo para silenciar.
- Eu não te entendo.
- É simples. Seu livro é um retrato da nossa época, e eu não quero brigar com você.
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