ATÉ A ETERNIDADE
Do que restou, não estou nem pobre, nem rico. Mas tenho um nível de vida bom. Não tenho mais idade para trabalhar, mas me arrumei e me aposentei. Não me marginalizei, nem caí na vida. Me mantive como dantes. E aqui estou escrevendo. E escrever foi onde eu comecei ao deixar o trabalho no escritório. Não vejo os antigos colegas da empresa. Não vejo mal nisso, desde que entre eles não deixei malquerenças. E como diz o poeta, vou levando.
Todos os dias, me levanto cedo. Tomo o meu café da manhã, como um ovo, vejo o telejornal. Não me amargo com as notícias. Venho para o meu estúdio, abro as estantes e escolho um livro. E me ponho a ler. É um prazer imenso para mim ler e escrever. É que a cada mês compram para mim dois livros que eu escolho. Hoje mesmo, está em cima da minha mesa de trabalho, um volumezinho meu querido que daqui a pouco vou ler.
Mas, antes vou acabar de escrever isto. Até hoje eu não ganhei um dinheiro sequer com o que escrevo. È mesmo só o prazer de escrever. E esta é uma vida que eu sonhei para mim. A de só ser um escritor. Nem tento me classificar, um escritor isto ou um escritor aquilo. Na parte onírica de mim, ficam os muitos sonhos que fazem parte da minha personalidade. Porque como poeta eu sou um sonhador. E me faria mal aquele que quisesse destruir meus sonhos.
Sonhos, diria a pessoa que se dissesse só realista. Mas este realista diria: sonhos? E acrescentaria: sonhos, servem para que? E eu sei que é assim. Porque eu já fui assim. Mas me arrempendi a tempo. Digo a tempo porque vi que pobre do ser humano que não sonha. Até para construir uma pequena casa onde possa morar com seu amor, o ser humano precisa sonhar. E digo aqui no final: sonhamos todos, cada um com uma coisa cara ao seu coração. E que o ser humano sonhe até a eternidade.
Comentários
Postar um comentário